Atores porno também sofrem de disfunção erétil, afirma estudo

Um estudo pioneiro foi realizado para investigar a função sexual dos atores porno e publicado pelo departamento de urologia da Universidade de Miami.

Um estudo recente foi realizado para investigar a função sexual dos atores porno e publicado pelo departamento de urologia da Universidade de Miami. A Treated.com entrevistou o Dr. Justin Dubin, investigador principal do estudo, e conversou com o Dr. Daniel Atkinson, líder clínico do serviço de saúde online sobre os resultados encontrados na investigação.

O estudo promove a análise de um grupo de homens nunca antes estudado e apresenta um resultado surpreendente elevado no uso de medicamentos para disfunção erétil entre os jovens atores. A investigação contribui para a formulação de novas hipóteses para os estudos sobre a disfunção erétil dentro da comunidade em geral, particularmente em homens jovens, um grupo no qual se pensa que a condição está em ascensão.

A investigação foi publicada pelo Departamento de Urologia da Universidade de Miami, em parceria com a Free Speech Coalition (FSC), um grupo de advocacia para atores da indústria do entretenimento erótico nos Estados Unidos. Um questionário com 40 perguntas feito a partir do Índice Internacional de Disfunção Erétil (IIEF), foi enviado a para o banco de dados da FSC. Este índice examina quatro domínios da disfunção sexual: disfunção erétil, função orgásmica, desejo sexual e satisfação na relação sexual. Apenas homens com pénis biológico foram incluídos como critério para os dados recolhidos para a investigação.

Principais resultados do estudo

Os resultados demonstraram que 38.7% dos homens que participaram da investigação sofriam de disfunção erétil, pelo menos moderada. A média de idade dos investigados é de 36 anos, com a variação etária entre os 19 e os 70 anos.

Os resultados mostram que 69.4% dos homens que reportaram o uso de medicamentos para disfunção erétil (comprimidos ou injeções). Entre estes, 41.9% usam apenas para a atividade profissional.

Sobre tratamentos injetáveis para disfunção erétil, Dr Atkinson comenta que “o uso repetido de tratamentos por injeção para a disfunção erétil pode causar fibrose corporal, o que pode alterar a ereção ou causar dores durante o processo.

Este risco pode ser evitado ao reduzir o seu uso frequente e ao evitar injetar sempre no mesmo local. Um homem que usa tratamento para disfunção erétil regularmente, dado a sua atividade profissional, pode tornar-se psicologicamente dependente do medicamento caso comece a preocupar-se excessivamente em não conseguir produzir ou sustentar uma ereção com um(a) parceiro(a) sexual fora do ambiente de trabalho”.

Atores jovens com alto índice de disfunção erétil

Um dos resultados mais surpreendentes da pesquisa foi em relação aos homens de 20-29 anos, os quais 42.1% reportaram sofrer de disfunção erétil ao menos moderada. Entre os estes jovens investigados, 84.2% afirmaram usar tratamentos para disfunção erétil, seja em comprimidos ou injeções. Isto é significativamente mais alto do que as estimativas da população em geral desta mesma faixa etária. Por exemplo, um amplo estudo global colocou a prevalência de disfunção erétil entre 20 e 29 anos em oito por cento. Uma pesquisa do YouGov sobre disfunção erétil que realizamos no Reino Unido, apresenta como resultado o uso de medicamentos para disfunção erétil entre homens de 25 a 34 anos em 10%.

Atores porno: Um grupo pouco estudado

Atores porno são um grupo populacional que tem estado fora do foco e atenção da comunidade médica em respeito à disfunção erétil. A maior parte dos estudos académicos nestes grupos focam sobre as perceções sociais da indústria do entretenimento erótico, o consumo de filmes pornográficos e as repercussões psicológicas do contato com este material, focando mais no público do que nos atores.

É importante compreender as razões de tantos homens jovens na indústria do entretenimento erótico relatam sofrerem disfunção erétil. Estes jovens têm menos experiência que os profissionais da área com mais idade. A falta de experiência pode contribuir para a sensação de dúvida ou ansiedade.

Espera-se que os atores porno possam atuar e manter a ereção em momentos específicos e por longos períodos. Atuam enquanto são observados por diversas pessoas da equipa, a exemplo da produção.

Opinião dos especialistas

Dr. Daniel Atkinson, da Treated.com, sugere que: “O estudo define a disfunção erétil como a “inabilidade de obter ou manter uma ereção suficiente para um desempenho sexual satisfatório. No entanto, na indústria do entretenimento erótico, um “desempenho sexual satisfatório” pode ter um significado muito diferente do que a maioria dos homens descreveria.

Na sua atividade profissional, os atores do entretenimento adulto erótico podem manter uma atividade sexual prolongada com outros atores/atrizes pelos quais não se sentem atraídos. Dentro deste cenário, o uso de medicamentos para a disfunção erétil pode estar a ser usado fora da licença do produto sem o paciente ou o médico estarem cientes disso”.

Em relação ao alto uso de medicamentos para disfunção erétil em homens jovens, Dr. Dubin, investigador principal do estudo, nos informa que “a razão pela qual o alto número do uso de medicamentos para a disfunção erétil em homens jovens não pode ser confirmada, mas a literatura recente sugere este aumento como um fenómeno.

Infelizmente, o nosso estudo não esclarece as razões por trás deste aumento em números, mas é consistente com outros estudos que mostram nos seus dados também um aumento no uso de medicamentos para disfunção erétil entre jovens”.

Existem diversos estudos com foco na população geral de homens jovens e os efeitos do consumo da pornografia. Por estes homens serem jovens, o argumento é que problemas de ordem psicológica podem ocupar um papel significante neste caso, quando comparado com homens que sofrem de disfunção erétil em idades mais avançadas.

Este estudo também sugere que, uma das possibilidades da razão do nível da ansiedade em atores pornos está relacionada com o ambiente em que devem atuar. Como menciona Dr. Dubin: “Estamos a falar de homens aos quais se exige que se envolvam em atividades sexuais com mais frequência e por períodos mais longos, além de formas não convencionais, enquanto um grupo de pessoas assistem e filmam as suas ações. Se olharmos por esta perspetiva, é surpreendente como todos não sofrem de disfunção erétil!”

Sobre os benefícios desta investigação, O Dr. Atkinson comenta: “este estudo pode ajudar aos clínicos que lidam com pacientes que sofrem de disfunção erétil a passarem a perguntar perguntas mais específicas no caso dos seus pacientes serem profissionais da indústria do entretenimento erótico”.

 


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