FOI BOM VIVER em MoÇambique
Vivi e tive, só, um silêncio
que aqui tenho entre vozes de camaradas,
que uns outros e outros outros
(in)compreendem que anelo grifar
todas as vidas que escondem
na beirra-das-suas-palavras
(olhos, silêncios, lágrimas – doces
e amargas -, sem vozes…);
.
Falava comigo mesmo sobre o mundo,
que eu era ignorante e só sabia naquele ventre,
pois que a gente de cá vidente, para lá,
enviava-me mensagens de todas as vidas
(e poupavam-me de empulho, mortes, avidez…);
.
Os meus medos não tinham influências
tampouco, como só julgo, coações
(quer para vivê-los quer para renunciá-los),
nasciam em mim e de mim partiam,
no e do imo da minha mãe;
.
A escuridão era a luz
que me tecia este pobre poeta,
E vivi poesias que hoje escrevo
porque já não sei viver (lá) e vivê-las
no ventre da minha mãe.
Leave a Reply