Observado em várias regiões de Portugal e Espanha, Ricardo Gafeiro do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, e Rui Jorge Agostinho, astrofísico da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, explicam o fenómeno que surpreendeu quem olhava o céu, cerca das 19h40
O clarão foi causado pela desintegração do meteoro. Quando um meteoro entra na atmosfera, devido ao elevado aquecimento que sofreu e a pressão na entrada da atmosfera, este desintegra-se e fragmenta-se em bocados mais pequenos, explicou Ricardo Gafeiro do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço. “Em vez de termos um único objeto que está a brilhar, que é aquilo que nós vemos como uma estrela cadente normal, temos muitas a acontecer ao mesmo tempo que também acelera o seu processo de inceneração”, acrescentou.
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Pode ouvir pessoas a chamar-lhe de Bólide ou Bola de Fogo. Ricardo explica que é só um termo técnico “para distinguir estes eventos mais significativos em termos de brilho e de dimensão”. No fundo, são estrelas cadentes que deixam rastros muito mais longos, duram mais tempo também e, por isso, apresentam brilhos mais intensos.
Afinal foi meteoro, meteoroide ou meteorito? E o que os distingue?
Rui Jorge Agostinho, astrofísico da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, afirma que no domingo foi visto um meteoro. Mas vale a pena compreender a diferença entre os três fenómenos. Um meteoroide é um fragmento de rocha que viaja pelo espaço. Quando entra na atmosfera da Terra e se incendia, produz um fenómeno luminoso a que se chama meteoro. Caso algum fragmento chegue ao solo, estaremos a referir-nos a um meteorito.
Este meteoro teve alguma particularidade?
Sim. Embora o fenómeno observado neste domingo seja normal, a intensidade do brilho é considerada rara. “Os mais normais são aqueles [meteoros] fraquinhos e rápidos, que alguém diz, ‘olha ali!’, e já desapareceram”, brinca Rui Jorge Agostinho. Este meteoro, apesar de rápido, apresentou uma velocidade de entrada na atmosfera inferior ao habitual. Sendo o movimento mais lento, o fenómeno foi mais visível.
Ricardo Gafeiro acrescenta que também teve este efeito por estar em causa um meteoro maior que os outros.
E o que é uma “chuva de estrelas”?
A chuva de estrelas é causada pelos rastos de um cometa. Os cometas atravessam o sistema solar e, quando se aproxima do Sol, o seu núcelo é aquecido. Nesse processo, tanto os cometas como a cauda que possuem deixam pequenos detritos para trás. No fundo, explica Ricardo Gafeira, é como se a órbita desses cometas ficassem poluídas ou sujas, com areia ou pequenas pedrinhas.
Estas pequenas pedras são os meteoros e as estrelas cadentes que vemos.
Vamos poder observar mais fenómenos destes nos próximos dias?
Sim, é possível que possam ser vistos mais fenómenos nos próximos dias. O clarão foi produzido por um meteoro, parte da chuva de estrelas que ocorre todos os anos por esta altura e é visível a olho nu, conhecida como Táuridas. Em meados de novembro poderá ser vista mais uma chuva de estrelas, com o nome de Leónidas.
Até ao final do ano, será ainda possível observar outras chuvas de meteoros. Segundo o Observatório Astronómico de Lisboa, a chuva de dezembro é das mais intensas e poderá ser observada entre os dias 4 e 17.
O que vimos no domingo é um fenómeno com algum risco?
Não.“Geologicamente, falamos de objetos muito pequenos que se desintegram completamente na atmosfera terreste”, esclareceu Rui Jorge Agostinho. O risco de causarem dano é, por isso, muito reduzido.
Mas, afinal, de onde vêm os meteoroides?
Não vêm de um lugar específico. “Eles estão no espaço, deixados por cometas que já passaram”, explica o especialista. Por vezes resultam de colisões entre asteroides, que projetam fragmentos para a órbita da Terra, “mas a Terra é que vai contra eles”, especifica Rui Jorge Agostinho.