
Saiu do FC Porto em 2020, com 18 anos, e assinou pelo Wolverhampton, a troco de 40 milhões de euros: “Às vezes as pessoas esquecem-se da minha idade porque comecei cedo. Tive de evoluir muito rápido nos Wolves. As pessoas esperam uma coisa mas às vezes esquecem-se da minha idade, pensam que tenho 25 ou 26 anos, mas na realidade tenho apenas 22. Tudo à minha volta andou demasiado depressa. A ideia era ficar dois ou três anos no FC Porto e jogar mais. Mas no futebol nem sempre se consegue controlar as coisas e, naquele momento, não pude fazer nada. Foi muito difícil porque numa equipa como os Wolves não tens sempre a bola, então tens de sofrer e jogar em contra-ataque. Às vezes os defesas e os médios passavam-me a bola, para eu a segurar, mas eu não era suficientemente forte. Então pensava ‘uau, isto é um grande nível’. Estava sob grande pressão, mas tinha de lidar com isso na minha cabeça. Cheguei aos 18 anos à melhor liga do Mundo, com todo aquele barulho à minha volta. Senti que não tive tempo nem espaço para errar. Tudo tinha que ser perfeito. Penso que sou diferente por causa disso, mas tenho de viver com isso. Gosto de viver sob pressão.”
Foi treinado por Nuno Espírito Santo no Wolverhampton: “Aquele primeiro ano com o Nuno foi realmente muito bom. Foi o treinador que me quis contratar e foi honesto comigo desde o primeiro dia. Disse que tinha de esperar pela minha oportunidade e confiar nele, porque ela acabaria por chegar. Sempre me disse as palavras certas para me manter feliz. Às vezes, quando não jogava ele vinha falar comigo. Ele sabia que eu era jovem, estava longe da minha família num país diferente. Sempre teve uma palavra para comigo, foi um treinador especial e estou feliz por vê-lo tão bem no Nottingham Forest. É realmente uma boa pessoa.”
Procurou ajuda com um coach mental, nutricionista e personal trainer: “Não estava tão forte, então tinha de ver o que poderia mudar para ser melhor. Se não estás mentalmente, o teu corpo não vai estar bem em campo. Agora sou mais homem e mais maduro. Nos últimos anos não tenho colocado essa pressão em mim mesmo. Gosto de apreciar as pequenas coisas. Tenho de viver no presente. O barulho ao meu redor… Agora não leio nada. Sei o que posso trazer para a minha equipa.”
Momento no Las Palmas e o ter sido associado ao Atlético de Madrid: “O meu foco está no Las Palmas e em atingir o objetivo, que é a permanência. O interesse do Atlético de Madrid é algo que deixo para o meu agente. Mas o que posso dizer do Atlético? É um dos melhores clubes do mundo e da LaLiga. Simeone é um dos melhores treinadores do mundo. Mas estou feliz no Las Palmas. Tenho uma excelente relação com o treinador, presidente e pessoas do clube. Aqui sinto-me valorizado e precisava disso para a minha carreira, um lugar que me acolhesse e se adequasse ao meu estilo de jogo.”
Marcou golos ao Barcelona e Real Madrid: “Quando estava no aquecimento [no Bernabéu], pensei: ‘uau’. Desde criança que a liga a que eu prestava mais atenção era a espanhola por causa do Cristiano Ronaldo. Barcelona, Real Madrid, Atlético de Madrid… Sonhas em jogar contra essas equipas, então marcar naquele campo contra aqueles jogadores incríveis com a minha família lá foi algo especial. Sei que posso estar naquele palco.”
Estreia na Seleção de Portugal: “Jogámos com a Croácia e quando estava a sair do balneário para o aquecimento disse para mim mesmo ‘finalmente estou aqui’. Fiquei feliz pela minha resiliência, pela paciência, por tudo o que passei e que me ajudou a chegar cá. Senti-me muito orgulhoso por poder treinar com o Cristiano [Ronaldo], mas a estreia pelo meu país foi especial, é o sonho de todas as crianças.”